Desenvolvimento dos fatores humanos e estruturais do jogo

Às vezes se acredita que o êxito e triunfo dependem unicamente do rendimento dos jogadores. E que isso se torna muito simples. De alguma forma, o futebol é o produto de uma relação entre os atletas e aqueles que os treinam e os assistem. O técnico desempenha um papel indiscutível.
É quem define frequentemente o estilo de jogo de sua equipe. Será ele quem decidirá se seu time jogará o futebol espetáculo ou um jogo de resultado. Atualmente, a tendência é a de que se jogue um futebol ofensivo, especialmente após a introdução de novas regras, como por exemplo, a bola atrasada ao goleiro que não pode ser mais pega com as mãos, a linha de impedimento e a obtenção de três pontos por vitória.
O profissionalismo que se exige do técnico, as classificações que são exigidas para exercer a sua profissão, acentuaram seu status e sua influência no jogo de futebol. Pese que o treinador não será jamais um “fazedor de milagres”, mas que poderá intervir nos parâmetros de rendimento da sua equipe.
Liderança - Uma equipe necessita de líderes.
Equipe - Identifica-se sete tipos de jogadores em um time: o líder; o artilheiro; o pulmão do time; o criador; o que funciona como a engrenagem; o de apoio; e o protetor. O rendimento cresce quando todos aplicam a sua função corretamente.
Capacidade Tática - Inteligência e treinamento para mudar a maneira de atuar, mesmo durante a partida, sem que para isso precise fazer substituições.
Mentalidade - Fator importante para o desempenho de uma equipe. Aliar técnica, tática e personalidade.
Direção técnica - Basicamente, existem três tipos de direção técnica, utilizadas atualmente: Direção técnica livre (sem instruções precisas); Direção técnica dirigida (ordens dadas) e Direção técnica criativa (liberdade para improvisar).
O artista - Mais do que nunca, o futebol moderno deve oferecer espaço para os atletas criativos, capazes de desequilibrar o jogo a favor da sua equipe. Trinta por cento dos gols marcados é produto das ações individuais.
Uma equipe atrás do time - Como temos visto, o futebol moderno não se limita unicamente ao campo de jogo. Devem se considerar assim mesmo, outros parâmetros adicionais.
* Pessoal do campo: jogadores, comissão técnica e departamento médico.
* Dirigentes, patrocinadores, imprensa, torcida.
* Adversários do jogo e os parasitas.
Por isso tudo, o treinador deverá:
1) Cercar-se de uma eficiente equipe: Assistentes, preparadores físicos, médicos, fisioterapeutas, assessoria de imprensa. Todos devendo protegê-lo e apoiá-lo, assumindo responsabilidades para os aspectos vinculados a preparação do jogo e com as relações humanas.
2) Comportar-se de tal maneira que, de cara a excessiva cobertura da mídia no futebol, se converta na figura principal em seu clube. Se dispor a responder todas as perguntas depois dos jogos, que tenha capacidade de reagir a análises rápidas e que se afirme como um diretor técnico extraordinário, com forte e rica personalidade.
3) Ser inovador e com a mente aberta.
O conceito da formação, é dizer, sobre a adequada capacitação e treinamento de técnicos, de suas equipes de trabalho e a inclusão das equipes administrativas, que resulta na pedra fundamental na pirâmede do futebol contemporâneo e futuro.
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Um time de sorte

Em reunião, a Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) decidiu cancelar a decisão anunciada previamente e ‘devolver’ uma vaga à Copa Libertadores ao Brasil. Desta forma, a zona de classificação à próxima edição da competição continental volta a contar com quatro integrantes. Como o campeão da competição garante automaticamente vaga à sua próxima edição, a Conmebol queria retirar uma vaga do país referente, no caso, o título do Internacional deixaria o Brasil com um lugar já preenchido entre os que brigarão pela conquista continental. A CBF reclamou da decisão e teve seu pedido atendido.
A única chance de o G-4 voltar a ser G-3 é caso um brasileiro se sagre campeão da Copa Sul-americana, outra competição que garante vaga à Libertadores. Por enquanto, além do Inter, já está classificado para a disputa continental o Santos, por ter vencido a Copa do Brasil. A decisão acaba dando mais ânimo na briga pelas primeiras colocações do Campeonato Brasileiro, o que beneficia, de imediato, o Botafogo, a equipe é 4ª colocada da competição, mas como Santos e Inter aparecem no 5º e 6º lugares, respectivamente, tem em mãos a 4ª vaga disponível à Libertadores. Também aparecem com chance Grêmio, Atlético (PR), São Paulo, Palmeiras e Vasco.
Essa briga, sem dúvida, beneficia o Rubro-Negro baiano, na briga e querendo ficar distante da zona da degola. Ufa, que sorte!
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A importância de se ter um grupo forte.

Tem me preocupado muito no futebol brasileiro e principalmente, nesta fase do campeonato de pontos corridos, o grande número de contusões ocorridas na reta final da competição. O planejamento dos clubes, foi engolido pela Copa do Mundo. Já escrevi aqui, sobre a forma acelerada em que foi reiniciada a disputa nacional, pela obrigação do cumprimento do calendário esportivo brasileiro.

Não existe organismo que suporte tantos jogos. A partir do dia 14 de julho os atletas de futebol no Brasil, ficaram envolvidos com jogos da Copa do Brasil e Brasileiro, divididos em suas respectivas séries. Foram praticamente, 3 partidas por semana para as mais importantes e principais equipes, que, por serem grandes, disputam até 75 jogos por ano. Uma estatística assustadora da FIFA.

A atividade competitiva do atleta contemporâneo de alto nível é de 60 a 70 jogos, entre convocações para seleção, partidas dos clubes e encontros amistosos. De 50 a 60 partidas por 10 meses, os juvenis, garotos entre 16 e 20 anos, também entram na maratona. E acreditem, 40 partidas por ano para atletas em formação, sem contar o aumento do deslocamento dos clubes para viagens.

As partidas de hoje são mais corridas que as de antes. São de 93 a 90 minutos, atualmente, mas o tempo efetivo subiu de 55 para 60 minutos por partida. Dependendo da posição em que atua, o jogador percorre, entre 10 a 13 quilômetros por jogo. Um zagueiro corre de 8 a 10 Km; Volantes de 9 a 12; meias de 11 a 13 e atacantes de 9 a 10, tudo isso em um único compromisso.

O futebol é um esporte de esforços intermitentes de alta intensidade, exige do atleta resistência aeróbia e anaeróbia e também de velocidade. Tudo isso junto, exige treinamento, muito treinamento e também descanso e boa alimentação, para que haja tempo para a plena recuperação do corpo, que trabalha sempre em alta rotação. Além disso o lado psicológico pesa e nem sempre o torcedor quer saber disso.

Existem times que estão na frente da tabela, que começam a cair de produção, e que são cobrados pelos torcedores e imprensa, clubes que brigam na parte de baixo para não cair e que sobem ou até caem, antes mesmo de aparecer e aqueles que por causa da sua condição econômica, não têem “bala na agulha” para formar um grupo grande e de qualidade que realmente suporte o ritmo dos jogos constantes.

É preciso rever o calendário, pois a vida útil do atleta no Brasil está caindo ano após ano. O nível do futebol nacional está baixíssimo, porque os principais responsáveis em fazê-lo estão sempre entrando em campo no limite, técnico, físico e psicológico. Os interesses são muitos. E a cada dia que passa, se não houver uma intervenção das autoridades responsáveis, seremos testemunhas de situações desagradáveis ocorrendo dentro do campo de jogo. É uma pena.

Por isso, é preciso montar, não um time mas um grupo capaz de suportar tal esforço.
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Edificar é preciso. Manter, então, nem se fala.

Estamos passando por uma onda de projetos de novos estádios no Brasil. A moda agora é construir estádios. Novinhos em folha. Tinindo. Mesmo que sua cidade não tenha clube profissional. O esquema é construir. E isso é muito bom pra indústria. Desde que, é claro, os projetos estejam sendo de fato sendo feitos com um mínimo de planejamento. Afinal, construir um estádio é uma coisa. Mantê-lo é algo completamente diferente.
E a ciência do gramado é basicamente essa. Não adianta apenas plantar, tem que manter e, eventualmente, trocar. E se não fizer isso, aos poucos a coisa vai se deteriorando, como fica claro no exemplo do Engenhão, um projeto muito bacana, novinho em folha, e com um gramado deplorável. Antes de fechar para reformas, o Maracanã estava igualzinho, tal qual tantos outros estádios ao redor do país. Sinal evidente da falta de planejamento de manutenção do campo.
Manter um gramado, porém, não é barato. Custa bastante. Muitas vezes é preciso manter uma equipe de profissionais dedicada exclusivamente a isso. E justamente por custar um certo dinheiro é que os clubes tendem a não se preocupar muito em manter um padrão elevado de qualidade. Isso porque ao destinar verba para isso, você necessita diminuir verbas para salários.
Vinte mil reais para cuidar do gramado representa um jogador com salário de vinte mil reais a menos no time, o que, para boa parte dos clubes brasileiros, é um jogador de média qualidade, para compor o elenco, mas que pode ser muito importante em caso de lesões e suspensões.
A solução, mais uma vez, passa por quem administra o campeonato. Não dá para esperar que os clubes sozinhos irão cuidar por conta própria dos seus gramados. Como não existe requisito mínimo de qualidade do campo para a disputa de uma partida, nem todos os clubes gastam dinheiro com manutenção do gramado, o que deixa o clube que se preocupa com isso em desvantagem competitiva por ter uma verba reduzida para o pagamento de atletas.
A única solução é estabelecer um piso orçamentário obrigatório para a manutenção e um padrão mínimo de qualidade do gramado, sob pena de perda de mando de campo, multa ou perda de pontos. Assim, os clubes são obrigados a se preocupar em deixar os campos menos esburacados. Com menos buracos, além de diminuir riscos de lesões, jogadores conseguem também elevar o seu próprio nível de precisão, contribuindo com a melhoria estética do jogo e diminuindo a incidência de acasos não relacionados aos times na construção do resultado final de uma partida (vulgarmente conhecido como morrinho-artilheiro).
A ideia sempre defendida e bastante disseminada de que a capacidade de improvisação do futebol brasileiro é proveniente dos campos esburacados em que as crianças aprendem a jogar bola é até um pouco lógica. Ela só não precisa ser estendida para os gramados do futebol profissional.
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Qual deles tem mais intimidade com a bola?

O Brasileirão 2010 entrou na fase decisiva. O simples fato de ver como são dois argentinos que agarraram a sua face mais criativa, na posição de meias ofensivos, diz quase tudo do estilo que domina o atual futebol brasileiro. Eles são Montillo, no Cruzeiro, e Conca, no Fluminense, maestros dos dois grandes candidatos ao título.
O peso da influência destes jogadores é mais notório no Cruzeiro, pois Montillo chegou em meio a temporada (vindo de uma fantástica Copa Libertadores no U.Chile) e transformou a qualidade de jogo da sua nova equipe. No Fluminense, o grande reforço foi, na mesma fase, Deco, mas como no grupo já existia Conca, Deco teve de jogar em posições mais recuadas, perto da dupla de volantes que se coloca à frente da defesa, mas no caso do Flu, sem capacidade em sair para o jogo.
São eles Diogo, Valência ou Fernando Bob. Não está em causa o valor dos jogadores. Está em causa as suas características. O colombiano Valéncia é o que sai mais, mas erra muitos passes. Correm muito, mas na maior parte do tempo, em vez de correr com a bola (transportando-a para o ataque) correm atrás dos adversários.
A entrada de Deco foi decisiva para o treinador Muricy Ramalho mudar o sistema preferencial de 3×5x2 para 4×4x2. Continua a alternar entre eles (com laterais ofensivos, Mariano-Carlinhos) mas é no 4×4x2 que a equipe fica mais equilibrada taticamente, com Rodriguinho muito móvel e rápido, girando, na frente, em torno do veterano ponta-de-lança Washington, cada vez mais referência na área (o tipo de nº9 pesadão só possível ainda de existir no nosso futebol).
Deco se beneficia claramente do ritmo mais lento do futebol brasileiro, está muito menos intenso sem bola, só joga no pé, altura em que faz a diferença no passe. Nos outros momentos do jogo, desaparece, e deixa a recuperação para os médios pica-pedra do novo futebol brasileiro.
O Cruzeiro de Cuca joga num 4×4x2 mais europeu que por vezes parece um 4×3x3 quase único nos gramados brasileiros. Penso mesmo que é quando a equipe joga melhor. O jogador-chave para essa transformação é Ewerton, um ala canhoto que cai na esquerda, passando Tiago Ribeiro para a direita, ele que quando em 4×4x2 joga mais próximo do ponta-de-lança (Wellinton Paulista ou Farias).
O equilíbrio é dado pela dupla de volantes. Fabricio (muito bem no passe longo) e Henrique, que também saem bem para o jogo, soltando, à frente, Montillo, que, com organização criativa abre espaços nas defesas adversárias. No 4×4x2, sai Ewerton e entra Roger, para jogar mais atrás no meio, mas, muitas vezes, nesse sistema, choca com Montillo, o tipo de jogador-craque que precisa de liberdade para respirar bom futebol.
Depois de um início forte, o Corinthians quebrou nos últimos jogos. Adilson Baptista, o técnico, claro, acabou despedido. Não é fácil, porém, mudar muito a forma de jogar da equipe, na qual o jogador que mais lhe dá maior vida atacante em termos de criação é um meia ofensivo. Bruno César. Muito dinâmico, move-se em torno dos dois meias, vendo sobretudo onde caia Jorge Henrique indo, em geral, para o lado vazio, o oposto de onde ele está.
Outras vezes, recua para zonas entre-linhas e ordena o jogo. O atacante mais adiantado (com Ronaldo lesionado) tornou-se Iarley, de origem mais vagabundo, longe do perfil típico de um nº9. É um 4×4x2 que (com Roberto Carlos ainda vivo na esquerda) contempla três volantes mais de contenção: Ralf, Jucilei e Elias. Dos três, Ralf é o mais fixo. Jucilei é o mais forte e ganhando confiança para subir pode ser, no futuro, um grande jogador (tem 22 anos). Elias é hoje aquele que se pressente ter mais qualidade na defesa e no ataque, mas joga taticamente muito preso atrás para a visão de jogo que tem.
A equipe vive, assim, presa entre dois sistemas de jogo e não consegue estabilizar nenhum. Não tem um meia ofensivo criativo como Fluminense e Cruzeiro (Conca e Montillo) e isso está fazendo a diferença nesta fase decisiva do campeonato.

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